“DEUS NÃO ESTÁ MORTO, APENAS NÃO ESTÁ NEM AÍ”

QUADRINHOS E RELIGIÃO EM PREACHER

Resumo

O texto tem por objetivo analisar representações de experiências religiosas, notadamente cristãs, na História em Quadrinhos Preacher, roteirizada pelo artista norte-irlandês Garth Ennis e desenhada pelo artista inglês Steve Dillon, originalmente publicada em 1995 pela DC Comics. Em termos de delimitação material do objeto o foco recairá em partes do primeiro e segundo volumes intitulados A Caminho do Texas e Até o Fim do Mundo, além da história que encerra a Série. Parte-se da ideia de que os quadrinhos, enquanto linguagem, são produções de sentido que precisam ser interpretados na relação hermenêutica entre seus elementos estruturais e as condições sociais e culturais de expressão dessa linguagem. Para tanto, partindo da noção de solidariedade icônica na neosemiótica de Groensteen, é analisado as possíveis relações entre religião e quadrinhos com o seguinte problema: seria Preacher uma forma de mitologia atualizada? Se sim, em que medida as ficções míticas representadas em torno da personagem Jesse Custer, o pregador/pastor que é “possuído” pela entidade híbrida (meio angelical, meio demoníaca) chamada Gênesis, promovem uma releitura crítica das representações do divino, principalmente quando essas representações provocam leituras fundamentalistas da realidade? São algumas questões motivadoras para a investigação.